
São tantos ouvidos, que a palavra se esconde.
São tantos ruídos, que a mente embaralha.
Na calada da noite um grito de poesia eclode
e deixa fluir
o amor cintilante de dentro do murmúrio da fonte.
Às vezes dói tanto, que só resta ser forte.
São tantas grades, guerras, gaiolas,
são tantas palavras jogadas displicentemente
ao léu,
como se não houvesse energia no invisível da voz.
Às vezes dói tanto, que só resta o amor.
No escuro molhado que sobra do dia
traço novas esperanças,
sonho perspectivas e compassos e danças.
Às vezes é tanto, que só resta a poesia.
© Francine Canto